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Prossiga #5

Meu nome é João. No colégio, me chamam de 'Abacate', estou no 2° ano do Ensino Médio e não aguento mais este lugar! O motivo desse apelido? Não tenho a mínima ideia. No começo do ano, chegou uma menina novata em meu colégio, linda, olhos azuis, uma perfeição em carne e osso. Na hora do intervalo, como não possuo muitos amigos e fico sem ninguém, ela veio falar comigo. Na hora, coração acelerou, boca ficou seca, mas, tudo ocorreu bem! Bom, espero. O intervalo acabou e todos voltaram as devidas salas. Na hora da saída, olhei para trás e ela estava correndo e gritando: 'me espera, por favor', e claro, esperei ela. Ela foi chegando perto e perguntei: 'o que aconteceu?', ela disse:

- "Uau, primeiro dia e já fui assediada por três idiotas diferentes..." - suspirou - "... será tão difícil pedir uma sociedade que não seja machista?" - perguntou.

- "Eu não sou propriamente a melhor pessoa para responder, mas concordo, deveria existir muito mais respeito pelas mulheres. Elas merecem muitos mais crédito que aquele que recebem, mas infelizmente, sozinho uma pessoa não consegue mudar as mentes de toda uma nação." - respondi-lhe.

- "É... Infelizmente... Mas fico feliz que você não é um desses porcos machistas que andam por ai! Obrigado, de verdade!" - agradeceu-me com um grande sorriso na cara.

Naquele momento, só conseguia pensar naquele sorriso lindo. Ela parecia um anjo.

- "Hey, terra chama João!" - gritou ela, abanando as mãos à frente do meu rosto.

- "Ah, sim! Perdi-me a pensar numa coisa!" - disse rindo.

- "Posso saber que coisa era essa? - perguntou - "E já agora, temos que ir apanhar o ónibus, se queremos ir para casa hoje!".

- "Nada de especial, mas sim vamos!".

E lado a lado saímos pelos portões da escola em direção à paragem do ónibus. No meio da conversa com a Andreia, não notei no grupo de rapazes mais velhos que nos encarava ao longe, com uma cara de ódio e aos burburinhos.

A viagem para casa foi tranquila, fomos falando de coisas bobas, como os nossos gostos musicais, comidas favoritas e descobrimos que tínhamos muitas parecenças um com o outro, mas a coisa que mais me chamou a atenção, talvez por ser "estranho" numa rapariga com a beleza dela, é que ela preferia estar sozinha, ao invés de acompanhada.

Chegámos a duas paragens antes da minha e ela disse-me que iria sair ali. Despedimo-nos na promessa de nos encontrarmos novamente no dia seguinte.

A viagem continuou e cheguei a casa, e eu só conseguia pensar nela e na sua beleza. Ela era mesmo uma dádiva vinda do céu. Adormeci com um sorriso na cara, ao pensar na promessa que tínhamos feito.

No dia seguinte, acordei e arranjei-me para ir para a escola. Sai de casa e apanhei o ónibus. Quando cheguei aos portões da escola, lá estava ela com um sorriso no rosto. Cheguei-me junto dela e disse:

- "Bom dia Andreia!".

- "Bom dia João, tudo bem com você?" - perguntou animada.

- " Sim, preparada para mais um dia?".

- "Tem que ser não é... aturar aqueles idiotas. Nos vemos mais tarde?".

- "Sim, claro!" - respondi alegre.

Com isso, seguimos cada um para a sua sala. Foi um dia dentro dos normais. Assistir às aulas, ser insultado pelos idiotas do costume e estar sozinho.

No fim do dia, estava saindo ao portão, para esperar por Andreia, quando sou empurrado por trás, caindo de rosto no chão. Não esperaram sequer que eu reagisse, começaram logo a dar-me pontapés e murros, gritando ameaças para afastar-me dela e que se nos vissem novamente juntos, iria levar mais porrada.

Só fugiram quando ao longe, ouviram gritos desesperados. Era Andreia a correr na minha direção, com um semblante preocupado. Ela chegou ao pé de mim, perguntando quem me tinha feito aquilo, mas eu respondi que não sabia e disse que aquilo não era nada.

Ela não aceitou essa desculpa esfarrapada e ajudando-me a levantar, levou-me até à enfermaria da escola. Já lá, a enfermeira perguntou quem me havia agredido, mas eu não respondi. Sabia perfeitamente quem eram, mas também sabia que denunciá-los, seria pior para mim. Ela tratou dos meus ferimentos e quando terminou, disse para eu não fazer muitos esforços e voltar no dia seguinte, para tratá-los novamente. Sai da enfermaria e na porta estava Andreia e preocupada perguntou:

- "João!! Como estás? Fiquei super preocupada!" - perguntou rapidamente.

- "Estou bem, não te preocupes. Vou para casa descansar." - respondi.

- "Eu tenho que tratar de uns assuntos aqui perto ainda, senão te acompanhava..." - disse triste - "... mas nos vemos amanhã!".

- "Sim, claro! Até amanhã!" - custava-me mentir-lhe, mas a verdade é que eu ia fazer os possíveis para afastar-me dela, para o meu bem e para o bem dela.

- "Até amanhã João!".

Pensava que seria apenas uma breve troca de despedidas, mas ao dizê-lo, aproximou-se de mim, deu-me um beijo no rosto e seguiu o seu caminho.

Fiquei em choque durante uns segundos, não acreditando no que havia acontecido. Recuperando minha consciência, peguei o ónibus e fui para casa. Em casa, sofri um mini interrogatório da parte dos meus pais, mas nem a eles falei nada. Fui descansar, porque as dores estavam a dar cabo de mim.

Terceiro dia de aulas. Terceiro dia de inferno. Quem diria que em três dias conseguia acontecer-me tanta coisa, não é verdade? Enfim, cumpri minha rotina diária e fui para a escola. Mais uma vez, lá estava ela esperando-me. Eu ia fingir que não a via e passar despercebido num grupo de pessoas que ia a entrar, mas não consegui, porque ela viu-me e veio ter comigo pulando alegremente, algo que achei estranho.

- "Adivinha quem foi expulso da escola e proibido de estar a cem metros do recinto escolar? Exatamente! Os três idiotas que agrediram ontem!" -  disse-me animada.

- "Ahn? Como assim? Explica-me isso! Não pode ser possível!" - falei estupefacto.

Com isso, ela contou-me tudo o que se tinha passado no dia anterior. Ao despedirmo-nos um do outro, ela tinha ido até ao gabinete da diretora, pedindo para ver as imagens das câmaras de segurança, para ver quem haviam sido os culpados. Ao descobrirem, eles foram chamados e expulsos da escola, além da proibição. Não conseguia acreditar que ela tinha feito tudo isto por mim. Fiquei pasmo com isso. Não haviam palavras para agradecer o que ela havia feito por mim.

Dei-lhe um abraço bem forte e convidei-a para ir tomar um sorvete depois das aulas, convite esse que ela aceitou prontamente. Cada qual foi para as suas aulas e eu só conseguia pensar na sorte que tinha. No fim do dia, após ter passado na enfermaria, fui para o portão e esperei por ela. Ela chegou minutos depois e lá fomos nós, sendo que foi um dos melhores fins de tarde que tive até aos dias de hoje.

Fomos convivendo cada vez mais à medida que os meses foram passando, tomei coragem e pedi-a em namoro, ao qual fui bem correspondido.

Atualmente, estamos ambos a terminar o ensino médio e o nosso namoro está correndo às mil maravilhas. Nos amamos muito e se tudo correr certo, vai estar assim durante muito mais tempo.

Fim.

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Morgado, 27 de março de 2020.

 

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