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Ativade - Coração da Névoa

Os prantos de Elyn

 

O Martírio de Elyn não eram feitos de lágrimas, mas de ecos incessantes. Sob o véu perpétuo da névoa que lhe servia de alento, toda lástima emancipada de sua garganta lânguida tornava-se parte do vento, vagando pelas ruas desoladas como um cântico antigo que ninguém mais se recorda. A cada primavera, a tal amante solitária contava o tempo pelos desabamentos da cidade das almas. Em suas ruínas, vislumbrava o desmoronar da esperança que ainda teimava em pulsar dentro de seu peito cadavérico.

 

Às vezes, acreditava ouvir passos entre o silêncio e seu olhar esperançoso reacendia por um instante. Corria em direção ao som, mas encontrava apenas a sombra do que foi: uma folha que tremia, um sussurro do vento. Assim, o amor de Elyn tornou-se um rosário de memórias quebradas, um juramento que o tempo imutável não soube aniquilar. Seus prantos não buscavam consolo; buscavam meras lembranças. Esquecer seria morrer de novo e o amor, mesmo em castigo, era a única eternidade que lhe restava.

 

Ethel - Habblive