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Quando entrei naquela masmorra, o ar ficou tão pesado que parecia agarrar-se à pele. Antes de ver Beru, senti-o. Uma pressão estranha apertou-me a mente, como se alguém remexesse nos meus pensamentos sem permissão.
 
As asas dele cortaram o silêncio, e os olhos amarelados brilharam na escuridão. Bastou um olhar para as paredes começarem a tremer diante de mim. Memórias distorcidas surgiram: vozes queridas transformadas em ameaças, sombras que pareciam conhecer o meu nome. O medo não vinha de fora — vinha de dentro.
 
Quando Beru avançou, não precisei de golpes para perceber que não tinha hipótese. A luta era mental. E quase perdi.
 
Num momento de desespero, desviei o olhar e consegui fugir. Corri sem saber para onde, apenas para longe daquelas visões.
 
Sobrevivi. Mas desde então, ao fechar os olhos, ainda sinto as asas dele a bater algures na minha cabeça. Beru não ficou na masmorra — trouxe-o comigo. E é isso que me assusta mais.