Os prantos de Elyn não escorriam dos olhos pois ali, onde deveriam existir lágrimas, só havia o brilho pálido de uma saudade que nunca descansou. Seu choro era o vento que atravessava as ruínas, o eco que fazia as velhas janelas tremerem, o suspiro que acordava até as sombras. Cada passo que ela dava pela Cidade das Almas era como reviver o instante da promessa quebrada: o toque das mãos, o calor do abraço, e depois… o vazio. A primavera veio muitas e muitas vezes, mas jamais trazendo de volta aquele que disse que retornaria. Elyn permaneceu. E seu amor, que deveria ter morrido com o tempo, se recusou. Transformou-se em penitência.
As almas que passam por ela dizem que seu crânio enfeitado com corações não é ornamento, mas cicatriz lembrança de um sentimento que foi grande demais para caber no mundo dos vivos. E, enquanto os séculos se desfazem e a cidade se torna poeira, Elyn continua chamando o nome dele, mesmo que o mundo inteiro já o tenha esquecido. Pois seu amor não foi um conto. Foi uma eternidade. E sua espera, sua dor e sua devoção ecoam como um hino trágico: o amor que sobrevive quando tudo o mais já morreu.