Ainda sinto o cheiro daquela masmorra colado a mim, um aroma de pó e desgraça que só existe em sítios onde ninguém devia estar.
Entrei a pensar que era valente
saí tremendo como um gato encharcado
porque o Beru não ataca só o corpo, mas também a mente.
Os olhos amarelos dele foram a primeira facada, dois candeeiros demoníacos a iluminar os meus medos mais escondidos.
O chão respirava, as paredes mexiam e eu quase jurei que a própria masmorra se ria de mim.
Quando finalmente lhe acertei com a lâmina achei que tinha vencido, mas
o Beru saltou para dentro da minha cabeça e ficou instalado.
Desde então fecho os olhos e lá estão eles, os olhos amarelos à espera que eu durma outra vez para brincar comigo
porque escapar escapei, mas livre não fiquei nunca mais