Meu amado,
Escrevo-te à luz trêmula das velas, com os olhos marejados de saudade e o coração cheio de ti. O silêncio do vilarejo apenas faz ecoar mais alto o teu nome em minha alma. Tudo aqui permanece igual, exceto meu peito, que pulsa descompassado na tua ausência.
Tenho bordado mais do que nunca. Em cada ponto, deixo uma promessa. As flores que florescem nos tecidos não têm perfume, mas carregam o calor das minhas mãos e a ternura dos meus pensamentos por ti. É o que posso oferecer enquanto as trincheiras te abraçam no frio da noite.
O chá ainda me aquece, mas é tua presença que falta ao redor da mesa. Te imagino lendo estas palavras com o mesmo olhar doce com que me prometeste voltar. A cada dia, repito teu juramento como reza. Meu amor, volta. Inteiro. Vivo. Nosso.
Deixo-te aqui minha alma em palavras, esperando que a guerra se curve diante do amor. Que a esperança seja teu escudo, e minha lembrança, tua força.
Com toda a ternura que me habita,
Ummagumma