Desci à masmorra acreditando que seria só mais uma caçada, mas o ar lá embaixo pesava como algo sólido, quase pétreo. Antes de vê-lo, ouvi o bater de asas — lento, calculado — atravessando o silêncio como uma ameaça antiga. Quando os olhos amarelados de Beru surgiram no escuro, algo dentro de mim cedeu — não por vontade, mas por instinto. Ele não se aproximou; simplesmente entrou na minha mente, arrancando memórias que eu julgava enterradas e torcendo cada uma até virarem visões distorcidas. O tempo deixou de existir, e ali fiquei, paralisado, sentindo algo ser drenado de mim, como se a cada minuto o medo o alimentasse ainda mais.
Quando finalmente recuperei os sentidos, Beru já havia desaparecido, mas a cicatriz que deixou permanece — um medo que respira comigo, noite após noite. E um pensamento insiste em voltar: como aquele lugar não foi o meu fim?