Meu querido,
Enquanto o sol se esconde atrás da colina e a noite se estende sobre o vilarejo, meus olhos buscam,
em vão, a luz de teus passos retornando para casa. O tempo parece se arrastar, como um rio lento,
que insiste em não chegar ao mar. E, no entanto, em meu peito, o amor por ti pulsa com a mesma força
de sempre, mais forte, talvez, por saber que, mesmo distante, estás sempre comigo, em cada pensamento,
em cada suspiro.
Eu sou a camponesa que, todos os dias, se ocupa com seus bordados, entrelaçando flores no pano, como se,
com cada ponto, pudesse te trazer mais perto. Cada pétala é uma promessa, cada linha, uma prece. E em
meio ao silêncio da casa, onde o vento sussurra entre as frestas, eu me agarro a essas pequenas coisas,
que, de algum modo, me fazem sentir tua presença, como se o amor que trocamos fosse mais forte do que
qualquer distância, mais eterno do que a guerra.
Os dias têm sido longos, e a saudade, essa velha companheira, me visita cada vez mais. Mas, em meu
coração, há uma chama que se recusa a se apagar: a certeza de que, um dia, voltaremos a nos olhar,
e teu sorriso será o mesmo de quando partiste, como a promessa que fizeste, de voltar para os
meus braços, intacto, imune ao sofrimento. Até lá, me fortaleço com a lembrança de nossos
momentos juntos e com a esperança que, como o vento, atravessa qualquer barreira, qualquer
trincheira, e me leva até ti.
Cada carta que escrevo é uma carta de amor, mas também uma prece silenciosa, escondida entre as
palavras, implorando para que a guerra te seja leve e, quando a paz enfim chegar, que seja nos
meus braços que encontres consolo.
Espero que o céu te guarde e que, em breve, possamos caminhar juntos por este campo que, em
tua ausência, parece vazio. Até lá, estarei te esperando, fiel à promessa que fizemos de
nos encontrarmos, onde quer que estejamos.
Com todo o meu amor e saudade,
Sarluni.
