A história conta que Damon foi companheiro do apóstolo João, aquele discípulo que estivera mais perto do Coração de Cristo. O coelho o seguia por trilhas e rochedos, cidades e acampamentos, com passos leves, como quem conhece bem os caminhos da terra. Pequeno, silencioso, de orelhas sempre atentas, parecia compreender, com uma sabedoria divina, por onde a Palavra precisava passar.
Depois da Ressurreição, quando os primeiros cristãos viviam escondidos, perseguidos por causa da Verdade, Damon se tornou um auxílio inesperado para o apóstolo. Com seu faro aguçado e sua habilidade de se mover sem ser notado, levava pequenos rolos de pergaminho com as palavras do Senhor e colocava escondido dentro de vasos de barro, onde as crianças e os adultos encontravam e levavam para casa.
Com o passar dos anos, os perigos voltaram a rondar. Soldados se aproximavam de uma pequena comunidade escondida na mata. João já era idoso e não conseguiria fugir depressa. Damon, embora já não tivesse o mesmo vigor, correu adiante. Deixou rastros intencionais, espalhou folhas, quebrou galhos, desviando a atenção dos perseguidores. Quando a noite caiu, os cristãos estavam salvos. Mas Damon não voltou.
Seu pequeno e frágil corpo foi encontrado na manhã seguinte, junto a uma árvore torta, caído entre folhas secas, onde seu corpo repousava. Não morreu em combate, mas em sacrifício. Ao lado dele, um pergaminho de linho antigo continha a seguinte frase:
“Aquele que é fiel no pouco será grande no Reino."
E ali, no coração de um bosque esquecido, Damon descansou. Sua morte não foi acaso, mas resposta. Não foi fim, mas plenitude. Um pequeno servo, que à sua maneira partilhou da missão de Cristo: dar-se para que outros tenham vida.
(Islamabad).