Nas dualidades encontradas em imergir nessa realidade, nos deparamos com os ditos opostos que mais se complementam que se anulam. Noite e dia, senão a mesma coisa em graus distintos, são razões e forças que se criam enquanto parecem se anular. Juízos semelhantes são para outras formas como o quente e o frio e também o bem e o mau. Na natureza, se bem o veres, notarás que diante de toda chuva que farta rios e florestas, que dá vida e abundância é a mesma que causa desastres e traz a tona o fim e vulnerabilidade de todos nós enquanto "em vida". Até a vida, que embora seja tudo, se encontra complementada e definida pela imensidão do nada quando se depara com a morte. A eternidade diante do tempo limitado, que muitas vezes nos deixa ambíguos diante a moralidade e tudo que consideramos certo e errado. Diante da eminente decadência ou até mesmo antes, pessoas se revelam mais que se transformam e máscaras caem enquanto outras são postas.
Somos a natureza sim, e de fato somos tudo que a natureza representa. Muito além disso, somos expressões de potencialidades, e tudo está nas nossas mãos através da escolha. O que escolhes é o que configura toda tua linha do tempo. Até ao não escolher o fazes. Não há o conceito de liberdade quando se trata de ser um anjo ou demônio.
Sermos ou não anjos ou demônios não é o cerne da questão tanto quanto porque e por quem. Se somos os lobos na pele de cordeiro, podemos ser o lobo que dentro de um rebanho protege de outros. Se somos anjos meio ao inferno podemos trazer luz para onde se mais precisa ter: nas trevas. Nasce ai a resposta para todas as perguntas sobre ser ou não ser: você não pode evitar ser, mas o que for ser, seja com intenção e convicção de que tua existência, embora breve, é verdadeira.