Em um universo onde o tempo corria em silêncio acentuado, ergueu-se uma entidade moldada em luz esmeralda e marcada pelo peso da eternidade. Seu semblante, empenado por lágrimas, refletia a dor de mundos negligentes, carregando em seus olhos não somente a visão do atual. Cada gota que escorria de sua face era uma lembrança, uma estilha de povos que se perderam na imensidão do espaço. Em sua fronte, o terceiro olho pulsava como um facho de inteligência, revelando segredos escondidos que nenhum mortal tentaria suportar em sua totalidade eterna.
Sob o manto do infinito, a guardiã avançava, cada passo ressoando como uma nota inaudível nas cordas do cosmos. Onde sua presença se insinuava, o espaço se curvava em reverência não por temor, mas por reconhecimento daquilo que transcende a mera noção de começo e fim.
O terceiro olho, pulsante em claridade esmeralda, dilatava-se para além da carne. Nele habitava a memória dos astros que já não brilham, dos mares que secaram antes mesmo de terem nome, das vozes esquecidas que outrora ergueram civilizações. Aquilo que os mortais chamariam de "passado" para ela não era mais que o reflexo de uma chama que insiste em se repetir, em dançar sobre o palco de realidades paralelas.
Era chamada, em idiomas que nunca foram pronunciados por lábios humanos, de A Portadora do Último Eco.
-cristal.rosa