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Os Dedos do Crepúsculo

Há algo de indecifável nas mãos de Nosferatu.
Não são apenas ossos e tendões — são memórias do frio que o tempo esqueceu. Quando se erguem, alongadas e tortuosas, o ar se retrai; até o vento parece temer roçar nelas. Cada dedo é um presságio, um sussurro de praga que arranha as frestas da alma.

Dizem que, sob a luz tênue da lua, as sombras de suas garras se movem sozinhas, como se buscassem corações pulsantes a se alimentar. Os vivos sentem o toque antes que ele aconteça — um arrepio úmido na nuca, um frio que desce pela espinha e sela o destino.

As mãos de Nosferatu não conhecem piedade. São os sinos que anunciam o silêncio, os condutores da peste, o eco da fome que nunca morre. Cada gesto é uma profanação da vida, uma lembrança de que até o sangue pode ser condenado.

E quando os dedos tocam a pele… o mundo cessa.
Só resta o som da própria respiração… e a certeza de que ela é a última.

 

Lulu, Habblive