JustPaste.it

Toque da Morte

As mãos de Nosferatu emergem da penumbra antes mesmo de seu corpo, alongadas, ossudas e frias. Cada dedo, retorcido como uma raiz de árvore morta, parece sondar o ar à procura de vida, de pulsação, de calor. São instrumentos de uma vontade que o tempo não apodreceu, mas corrompeu. Ao menor movimento, projetam sombras que se arrastam pelas paredes, insinuando-se nas frestas, tocando aquilo que a própria criatura ainda não alcançou. É como se o medo ganhasse forma nelas, moldado em ossos e silêncio.

Na presença desses dedos profanos, a linguagem falha. O coração hesita entre bater e calar-se. Há algo nelas que transcende o horror físico... é o pressentimento de que toda luz, toda vida, é apenas um intervalo antes do toque inevitável. Quem as vê sente o mundo encolher, a alma perder o contorno, e percebe tarde demais que o que se aproxima não é apenas Nosferatu, mas a fome antiga que o habita. A promessa de que tudo, cedo ou tarde, será reclamado pelas suas mãos.

Ollaff - Habblive Hotel