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O anel parecia normal, só um presente da vó, mas a Lyra nunca conseguiu se acostumar direito.

Tinha hora que parecia que ele respirava, um friozinho estranho no dedo, como se tivesse vida propria. No começo ela pensava que era só coisa da cabeça dela, invenção, mas de noite vinham umas visão estranha.

 Era tipo sonho, só que não era dela. Via reis mentindo, gente jurando amor e depois apunhalando, promessa quebrada sem dó. Ela acordava cansada, como se tivesse carregado tudo nas costa. Um dia foi pior. Ela fechou os olhos e apareceu o rosto da mãe dela, sorrindo bonito, dava até saudade. Só que logo depois, no mesmo sonho, a mãe entregava o anel pra outra pessoa... não era ela. Aí bateu um aperto forte, uma mistura de raiva e tristeza que ela nem sabia explicar. A vó sempre falava que o anel não mostrava luz, mostrava verdade. E Lyra começou a entender que não era presente nenhum, era um teste pesado. Pra ver se ela aguentava olhar pro mundo sem véu, sem mentira nenhuma. Na manhã seguinte, tremendo ainda, ela olhou pro anel e falou baixo, só pra ela mesma: — Tá bom... se é pra mostrar sombra, mostra. Mas eu não vou correr.

E pela primeira vez, a pedra ficou quieta.