Nos confins de uma floresta onde o sol raramente tocava o solo, ocultava-se uma mansão ancestral, lar de uma família enigmática e reclusa. A construção, tão antiga quanto os mitos que a envolviam, erguia-se como um monumento à riqueza e ao mistério. Ao longo dos séculos, os habitantes locais aprenderam a evitar a área, temerosos de perturbar o que fosse que espreitava entre as árvores sombrias e as paredes mofadas da mansão.
Os três irmãos, descendentes dessa linhagem misteriosa, carregavam não apenas o nome da família, mas também sua sombra. Altamente respeitados pela sociedade, suas aparências aristocráticas e modos impecáveis escondiam um segredo profundo e sombrio. Eram atraídos, quase compulsivamente, pelas lendas sobre as entidades macabras que assombravam os vilarejos vizinhos nas noites que precediam o Halloween.
Estas entidades, diziam as histórias, não eram simples fantasmas ou aparições. Eram predadores do sobrenatural, seres antigos que emergiam do outro lado do véu entre o mundo dos vivos e dos mortos, famintos pelas almas mais puras. Cada ano, à medida que a data se aproximava, essas criaturas causavam destruição e morte, alimentando-se de inocentes para perpetuar sua existência além do reino dos vivos.
Os irmãos, fascinados por essas histórias desde a infância, tinham crescido sob o manto da escuridão, longe dos olhos curiosos do mundo. Embora mantivessem suas reputações intactas na alta sociedade, suas mentes estavam voltadas para a busca por esses espíritos. Não era apenas um jogo ou uma curiosidade mórbida. Havia algo maior em jogo, um destino entrelaçado entre sua família e as criaturas das trevas que eles ainda não compreendiam completamente.
Durante anos, eles haviam estudado antigas escrituras, mapas e símbolos gravados nas paredes da mansão, em busca de pistas sobre os locais onde as entidades surgiam. Reuniões secretas ocorriam nas câmaras subterrâneas da casa, onde discutiam o próximo passo, e os rumores na vila aumentavam a cada aparição inexplicável de sombras na floresta.
No ano do mais recente Halloween, os irmãos estavam prontos. Eles não apenas queriam observar as entidades, mas capturá-las, acossá-las e, finalmente, dominar o segredo de sua imortalidade através das almas das quais tanto falavam os mitos. A ideia de aprisionar aquelas criaturas e controlar seu poder os excitava, enquanto acreditavam que, com isso, perpetuariam a glória sombria de sua linhagem.
Na noite em questão, os três se aventuraram pela floresta, cada um seguindo caminhos diferentes, guiados por sinais que apenas eles podiam interpretar. O mais velho, sempre frio e calculista, liderava a caçada. O segundo irmão, mais impulsivo e agressivo, sentia o sangue pulsar nas veias a cada movimento entre as árvores. O mais novo, mais introspectivo e sensível, percebia algo diferente naquela noite — uma força além de sua compreensão, como se as próprias sombras os estivessem observando.
Ao longo da noite, estranhos sussurros ecoavam no ar, e a floresta parecia se mover com vida própria. As criaturas não estavam longe, mas eram mais astutas e traiçoeiras do que os irmãos haviam imaginado. Em vez de se tornarem caçadores, perceberam, tarde demais, que haviam sido atraídos para uma armadilha.
À medida que avançavam em direção ao coração da floresta, onde as almas inocentes caíam presas, os irmãos começavam a sentir a presença das entidades crescendo em torno deles. Mas as criaturas não eram apenas espectros sem forma — eram vestígios de algo mais antigo, algo profundamente conectado à história de sua própria família.
A busca dos irmãos por poder e controle rapidamente se transformava em desespero. As entidades eram sombras inatingíveis, zombando de seus perseguidores e brincando com suas mentes, revelando segredos há muito enterrados sob o chão da mansão e nas raízes da floresta. Cada passo que davam os aproximava não das criaturas, mas de si mesmos — de seus próprios medos e desejos reprimidos.
No final, a linha entre os caçadores e as presas desaparecia. Os irmãos, antes tão seguros de si, perceberam que estavam destinados a algo maior, mas não no controle que almejavam. As entidades não podiam ser capturadas ou destruídas, pois, de certa forma, eram uma extensão da própria família, um ciclo que se repetia a cada geração, amarrado pelas almas dos inocentes e pelos pecados de seus antepassados.
Quando o primeiro raio de luz atravessou a floresta, a busca havia terminado. Os irmãos, exaustos e derrotados, retornaram à mansão, sabendo que haviam apenas arranhado a superfície dos mistérios que cercavam sua linhagem. O ciclo continuaria, e eles, agora, sabiam que estavam fadados a repetir a busca, ano após ano, até que, talvez, encontrassem o verdadeiro segredo oculto nas sombras.
Mas até lá, os sussurros dos aldeões continuariam, e as almas inocentes ainda seriam ceifadas. E os três irmãos, aprisionados entre o desejo de poder e o peso de seu legado, aguardariam pacientemente a próxima aparição das entidades, esperando que o próximo Halloween trouxesse as respostas que buscavam — ou sua própria destruição.
Mandyxz