- Sou como a brisa fria da madrugada, uivante, sigilosa, cheia de mistérios. Você é o frescor da tarde, quando o relógio bate às 18:00, com suas nuvens tornando o tempo nublado. - Thalita começou a ler um texto que escreveu para a namorada em seu diário. - Você é por do sol. Eu sou noite estrelada. Você é Gal. Eu sou Bethânia. Você é recortes de revistas e jornais colados na cartolina. Eu sou rascunho de Lispector descartado. Você é gentil e calma. - Os olhares de ambas carregados de melancolia. - Calmaria. Ventania. Garoa suave... E eu sou seca. Amarga. Pavio curto.
Ambas riem em sincronia.
- Você é dente-de-leão, flor delicada, admirável. Sou uma rosa mal podada, repleta de espinhos. Eu sou chuva e você arco-íris. Sou a tristeza, você alegria. O certo e o errado. O doce e o salgado. Somos pessoas tão distantes, polares. E ao mesmo tempo tão próximas. Conectadas. Íntimas.
Thalita fecha o diário e então, passa a falar, com suas próprias palavras:
Assim como você eu quero fazer de tudo pra te proporcionar apenas memórias boas e alegres. Mas a gente sabe que essa não vai ser a nossa realidade todos os dias. Então quero que saiba que eu vou estar aqui tanto nos momentos incríveis como nos angustiantes. Nós não vivemos pela outra e sim com a outra. Nunca vou omitir meus sentimentos e desconfortos de você, e espero que você se sinta a vontade para fazer a mesma coisa. Te amo e te quero sem fazer nenhum esforço, apenas do jeito que você é.
As amantes se aproximaram e então se envolveram num abraço quente e repleto de carinho. A namorada de Thalita, após ouvir suas sinceras palavras, já não sentia-se insegura em relação ao destino do relacionamento. Ambas apenas concordaram naquele momento em selar o pacto de honestidade entre elas. E dessa forma, continuaram a viver, lado a lado, um lindo romance.