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hunter kim.

trigger warning: menção ao uso de drogas; negligência parental; menção a abuso físico e psicológico.

Hunter é o segundo dos três filhos de Kim Mongkoo, dono da conhecida Happygate. Nunca pôde dizer que nasceu em berço de ouro, mas talvez o ouro tenha parado em seus bolsos quando mais velho, em uma perspectiva diferente. Os Kim nunca herdaram nada em gerações, e toda a riqueza e sucesso no empreendimento se deu pelo esforço de seu pai e apoio de sua mãe. Ouviu várias vezes as histórias de como batalharam e prosperaram nos períodos mais sombrios possíveis, e a escolha de deixar a Coreia sem nenhuma garantia – com uma viagem só de ida para a Austrália nos bolsos, lugar onde nasceu e cresceu. O máximo que tem de lembranças da infância eram refeições simples, uma vida de classe média, e das merdas homofóbicas que um dia seu pai lhe falou quando caiu na besteira de dizer que era bissexual, quando mais novo. De longe, pegou os dias mais ruins vividos pelos Kim, mas a extravagância chegou apenas depois.

Sua chegada ao mundo foi tratada como uma bênção. Para Seryung, todos os seus filhos sempre foram bênçãos; é uma mulher realmente boa e amorosa, apesar de completamente deslumbrada com a realidade em que vivem atualmente, em Gangnam. Teve uma infância relativamente boa, onde recebeu atenção e dedicação por ser o caçula – pelo menos até a chegada do seu irmão mais novo. A mudança drástica de perspectiva, de caçula à irmão do meio, nunca foi algo bem aceito ou encarado com maturidade, já que aquela hierarquia familiar não o favorecia mais. Hunter sempre teve uma grande necessidade de receber afirmação, que pareceu apenas crescer com o tempo: nunca foi o primogênito, e nesse caso, não receberia toda a pressão da responsabilidade pela próxima geração, mas também não era mais o caçula e não tinha todos os olhos sobre si. A verdade é que acabou caindo em um limbo, sendo apenas um dos três filhos de Mongkoo e Seryung; e a ideia de ser qualquer ‘coisa’ era inconcebível para ele. E não era de aceitar facilmente posições onde não recebia alguma vantagem ou o que queria.

Por mais que não tenha nutrido algum sentimento de competição entre os irmãos, Hunter passou a constantemente causar problemas, principalmente para o pai. Fosse na escola ou em algum outro lugar, sempre causava alguma situação, despretensiosamente. Era extremamente inteligente e bom com cálculos, tinha ótimas notas em seu boletim escolar, mas não poderia se dizer o mesmo de seu comportamento. Mongkoo tentou disciplinar o filho de diversas formas, até simplesmente se cansar de lidar com a necessidade dele de receber atenção constantemente. A situação foi realmente complicada, principalmente no fim da adolescência, onde chegou a ser preso depois de ser pego depredando patrimônio público – pichou e urinou um monumento histórico. Neste dia, tinha uma quantidade considerável de droga consigo também.

Apesar de gostar de jogos e similares – ainda que não seja o maior geek do universo –, e simplesmente ser um dos herdeiros de uma desenvolvedora e provedora de games, era natural que seguisse alguma área em comum em seu ensino superior. Tentava fingir que havia se formado por gosto por Ciência da Computação, se especializando em programação de jogos posteriormente. Era competente e poderia atuar em qualquer empresa que quisesse, caso se esforçasse, mas seu pai pareceu muito inclinado a querer se aproximar nos últimos tempos. Recebeu dele até mesmo uma garantia de emprego na própria empresa como programador, após se formar: Mongkoo dizia que, para que os filhos pudessem administrar a Happygate futuramente, precisavam entender como ela funcionava. Era estranho todo o empenho do homem de querer ser repentinamente um pai presente e próximo, contudo, não iria fazer mal aceitar alguns benefícios, se realmente fossem ofertas vantajosas para si. Conseguia ser um bom filho quando queria.
 
Criar consciência do próprio potencial, para Hunter, foi perceber que isso era uma faca afiada de um único gume, que sabia utilizar bem. Havia aprendido que poderia ter tudo o que desejasse, desde que pudesse fazer as pessoas acreditarem no que queriam acreditar. No final, tudo só dependia do quanto queria e do seu esforço em fazer acontecer.