Há algo de silenciosamente insuportável em Nosferatu um terror que não nasce do grito, mas da espera.
Ele não caminha: desliza, como se o próprio ar cedesse à sua vontade. Seus dedos, longos e impossíveis, parecem instrumentos de um rito esquecido, prolongamentos do pecado, ponteiros de um relógio que marca a hora final.
Quando eles se erguem, finos, ossudos, quase compassivos, o medo torna-se físico uma pressão no peito, um frio que desce pela espinha. Cada movimento daqueles dedos profanos anuncia a profanação da carne, o toque que não fere, mas apaga.
Nosferatu não precisa da sombra ele é a sombra. E quem o vê, ainda que por um instante, entende: o medo verdadeiro não é o de morrer, mas o de continuar existindo sob o toque dele.