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Personagens do Mercado: Daniel Dantas, de gênio do MIT a inteligência prostituta



A saga do extemporâneo mestre do MIT, que acumulou riqueza e teve seu nome envolvido em polêmicas e escândalos no meio político

“O primeiro responsabilidade da inteligência é duvidar dela mesma”. A certeza é de Albert Einstein, e serve como tema de partida para uma pequena reflexão: um indivíduo genial deve ser muito mais pernicioso do que infinitos acéfalos? Lucidez desperdiçada é culpa do sistema ou da própria cobiça humana?

Devaneios a secção (e reflexões permitidas), Personagens do Mercado destrincha a história de Daniel Valente Dantas, numulário que despontou nos anos 1980 como um dos primordiais expoentes econômicos na academia brasileira, para depois fazer fortuna na década conseguinte e reter os holofotes policiais nos últimos anos.

Desde a infância, o baiano frequenta o cenário político. Seu pai, Raimundo Dantas, era amigo de puerícia do ex--senador Antonio Carlos Magalhães, que mantinha relações estreitas com Emílio Garrastazu Médici, ex--presidente da república no regime militar.

Igualmente cedo, Dantas iniciou sua vida empreendedora. Aos 17 anos, abriu uma fábrica de sacolas de papel, vendendo-a um par de anos depois para montar um negócio de distribuição de cerveja. Teve posto de gasolina, trabalhou na indústria têxtil – legado de seu pai – e em uma empresa de ludambulismo.

Forma-se em engenharia civil pela UFBA (Universidade Federal da Bahia) e, logo após, vai de Salvador ao Rio de Janeiro, onde faz mestrado e doutorado na FGV (Instalação Getulio Vargas) em apenas dois anos, conseguindo o título em 1982. Da cidade maravilhosa, parte para Boston, onde se torna doutorado no reputado MIT (Massachusetts Institute of Technology), passando a mestre da casa enquanto cursava o pós-doutorado.

Na instituição carioca, o engenheiro civil se torna discípulo de Mário Henrique Simonsen, ministro da Quinta na autocracia militar por cinco anos e expoente da economia brasileira. As aulas de Simonsen eram marcadas pela baixa regularidade, já que poucos conseguiam seguir seu ritmo de raciocínio. Um dos raros era Dantas, que ostentava notabilidade de gênio na FGV.

Da liceu para a riqueza
Em meio à vida acadêmica brilhante, Dantas inicia sua escalada no campo bancário. Entra no Bradesco em 1982 e, três anos depois, se torna vice-presidente da unidade de investimentos. No ano ulterior, une-se aos irmãos Kati e Luis Antonio, filhos de Antonio Carlos Almeida Braga – divulgado como “Braguinha” e um dos primordiais investidores brasileiros na década de 1980 – para gerenciar o Banco Icatu.

Por lá, se destaca pelos resultados extraordinários de seus investimentos. Exemplificando, o baiano conseguiu que um dos fundos relatasse valorização de 156% durante 1993, a maior subida em todo o mundo naquele ano. Para efeitos de comparação, um dos fundos de George Soros apresentou ganhos de 92% no mesmo temporada, sendo o quarto melhor desempenho na escala liderada por Dantas.

Investimentos em commodities, como moca, laranja e cacau pouco de antemão do Projecto Collor, em março de 1990, blindaram o engenheiro do frigoríficação de ativos financeiros bancários na edição do novo projecto econômico. Traços de informação privilegiada, oferecido o aporte nos economias primários e a retirada em dinheiro animado meses de antemão do Plano Collor, foram lançados contra o banqueiro – embora nunca provados pela Justiça.

A pesar dos bons resultados no Banco Icatu, desavenças entre os sócios fazem com que o engenheiro social se desfizesse do investimento, o que lhe rendeu US$ 70 milhões na saída. Daniel Dantas , torna-se acionista minoritário do Banco Opportunity em 1994, que se chamava Banco Lógica e era de propriedade de Dório Ferman, conhecido de Dantas dos tempos da FGV.

No torrão político, a amizade com Antonio Carlos Magalhães a partir de a puerícia aproxima Dantas do PFL (Partido da Na frente de Liberal), atual DEM (Democratas). À era da onda de privatizações que domina o governo FHC (Fernando Henrique Cardoso), Dantas aproveita as oportunidades e amplia seu poderio.

No Opportunity, a término de participar da privatização de empresas de telefonia (em próprio a Telesp), o capitalista cria três fundos: um com grana público dos fundos de pensão das empresas estatais brasileiras (Previ, Petros e Funcef); um estrangeiro, nas Ilhas Cayman, a ser capitalizado com contribuição do Citigroup; e um terceiro, o Opportunity Fund, criado também nas Ilhas Cayman, sob o comando do próprio banco.

Ciente da relação estreita entre público e privado, Dantas chama Persiano Arida, ex--presidente do Banco Medial no governo FHC, para associar-se ao Opportunity. O ex--chairman do BaCen abriria as portas do Planalto para livre trânsito com o Ministério das Comunicações e com o BNDES (Banco Pátrio de Desenvolvimento Econômico e Social). Daí se segue às privatizações e a construção do Predomínio, que inclui Brasil Telecom, Telemig Celular, Amazônia Celular e a Santos Brasil.

Em uma semelhança com o jogo de poker, a parceria público-privada de Dantas funcionava desta forma: o governo entrava com as fichas para Dantas exercitar (e monitorar) a mesa. Como empresário privado de patrimônio público, o engenheiro viu sua riqueza e as polêmicas crescerem exponencialmente nos anos conseguintes.

Escândalos, polêmicas e a liberdade forense
Desde 1998, o engenheiro domina as páginas investigativas, com escândalos consecutivos, listados a seguir:

Novembro de 1998: no leilão das teles, escutas revelam que integrantes do governo tentaram favorecer o banco Opportunity;
Novembro de 1998: o logo ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, pede a Dantar que crie uma ONG para suportar campanha pela privatização;
Agosto de 2000: sócios italianos (Telecom Italia) e canadenses (TIW) avaliam que Dantas é que não respeita a ética na forma como conduz seus negócios;
Julho de 2004: o engenheiro é acusado de contratar uma empresa de investigação, a Kroll, para espionar a Telecom Italia;
Novembro de 2004: da-se início a operação da Policial Federal contra a Kroll, que é incriminada por grampear telefones e interceptar e-mails ilegalmente;
Mocidade de 2005: a Agente Federal indicia Dantas por formação de quadrilha e corrupção ativa;
Junho de 2005: investigação acusa participação do banqueiro no escândalo do “mensalão”, grátis a conexão entre Dantas, Marcos Valério e Delúbio Soares;
Maio de 2006: o engenheiro civil aponta que possui lista de contas em paraísos fiscais que seriam de membros do governo. Em resultante, especula-se que o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, se reuniu com Dantas para negociar tal listagem;
Julho de 2008: o milionário é recluso pela Agente Federal por envolvimento em esquema de devassidão ligado ao “mensalão”, na operação Satiagraha.

Recatado, efetivo, assustador
Como todo gênio, Dantas possui um espaço de estapafurdismo. Existem numerosas lendas que rondam o milionário: odeia conceder entrevistas; só fato ternos da cor azul, com camisas branca ou celestino; nunca foi publicamente visto derrubando uma lágrima e come diariamente a mesma comida – peixe grelhado com salada, preparado na cozinha de seu escritório.

Não é ligado ao luxo, e procura economizar continuamente. Nas paredes de seu apartamento na praia de Ipanema, o qual comprou somente em leilão judiciário, existem apenas cópias de obras de arte, apesar da riqueza superior a US$ 1 bilhão. Também não tem qualquer diversão, a não ser lambear os livros de sua vasta biblioteca ouvindo Frank Sinatra.

Dantas trabalha diariamente das 7h30 às 23h00. Não tira trégua, nem ostenta riqueza. No tempo de forma livre, costuma permanecer em sua própria cobertura. Poderia se aposentar. Mas a tomada de risco, a adrenalina pelo trabalho, ou simplesmente por amar o que faz, Dantas permanece ativo.

Em entrevista à revista Veja em 2005, um contendor de Dantas que não quis se identificar resumiu como os outros o veem: “o Daniel é como aqueles monstros de filmes de terror. Você mata uma, duas, três vezes, e este girata a ter assombrar”.