JustPaste.it

Naquela noite, eu juro, o ar parecia ter medo também. Era como se o próprio escuro respirasse junto comigo, devagar, com receio de fazer barulho demais. Quando vi a mão dele, senti o peito travar. Os dedos… eram finos, longos demais pra serem de gente. Pareciam galhos secos, mas se mexiam com uma calma que doía de ver. Cada movimento parecia arranhar o silêncio.

Não dava pra explicar direito, mas parecia que o ar em volta apodrecia quando ele chegava perto. A chama da vela tremia, as sombras se esticavam nas paredes, e um frio subia pelas costas, gelando até o pensamento. Era como se a vida toda do lugar,da casa, das coisas, de mim, fosse sugada pra dentro daquela mão.

Dizem que antes dele tocar, a gente sente. Um arrepio que vem do nada, e um peso que cai nos ombros, como se a morte já tivesse escolhido. Eu tentei correr, mas as pernas não obedeciam. Só o coração gritava, e nem isso durou muito. Quando os dedos dele encostaram na pele, o mundo apagou. Não teve som, nem grito, só um vazio gelado tomando tudo.

E agora eu entendo… as mãos dele não são só mãos. São o próprio medo, vivo, andando por aí, procurando o próximo pra lembrar que a noite nunca esquece ninguém