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Meu nome é João. No colégio, me chamam de 'Abacate', estou no 2° ano do Ensino Médio e não aguento mais este lugar! O motivo desse apelido? Não tenho a mínima ideia. No começo do ano, chegou uma menina novata em meu colégio, linda, olhos azuis, uma perfeição em carne e osso. Na hora do intervalo, como não possuo muitos amigos e fico sem ninguém, ela veio falar comigo. Na hora, coração acelerou, boca ficou seca, mas, tudo ocorreu bem! Bom, espero. O intervalo acabou e todos voltaram as devidas salas. Na hora da saída, olhei para trás e ela estava correndo e gritando: “me espera, por favor”, e claro, esperei ela. Ela foi chegando perto e perguntei: “o que aconteceu?”, ela disse: “olha, eu estou nesse colégio por pouco tempo, mas não pude deixar de notar como as pessoas te chamam e a forma que te tratam; e quer saber? eu acho que essas pessoas são um bando de babacas; enfim, eu estou aqui para o que você precisar”. Naquele momento, o único som que eu consegui emitir foi um “ah, tudo bem" e saí andando para minha casa. Confesso que fiquei totalmente perplexo e sem reação. Sabe, ninguém nunca tinha me tratado daquele jeito, com toda aquela preocupação e carinho.

 

Ao chegar em casa, entrei direto para o meu quarto e deitei na minha cama. Comecei a pensar em toda aquela situação que tinha acabado de acontecer. Só aí fui me dar conta de que fui complemente mal educado com a Júlia. A menina ali, mostrando que se importa comigo e tudo, e eu não emito nenhuma reação se quer? Puta que pariu, como eu sou idiota! Estava todo pensativo, quando de repente aparece minha mãe na porta do meu quarto: “Oh garoto, você não está me ouvindo te chamar para você descer para o almoço? Você está no mundo da lua é?”, “Ih, já estou indo mãe, calma aí”. Enfim, já estava decido: amanhã eu iria concertar toda essa burrada.

 

Tentei procurar a Júlia antes da aula começar, mas não a encontrei. Será que ela estava fugindo de mim? Comecei a ficar desesperado, pensando que tinha estragado, talvez, a única chance de conseguir uma amizade. Ou quem sabe um amor? Eu estava realmente sentindo uma sensação estranha e um frio na barriga ao pensar naqueles lindos olhos azuis de cigana dissimulada (ai meu Deus, eu não estou encarnando o Machado de Assis não, né?); enfim, não posso explicar, mas tudo mudou de ontem para hoje. Será que é isso que chamam de estar apaixonado? Se for, não gostei muito dessa angústia, para ser sincero.

 

Finalmente na hora do intervalo consegui encontrá-la. E lá estava ela, maravilhosa como sempre, sentada no refeitório com seu fone de ouvido e lendo um livro (adivinha qual? Senhora, de José de Alencar; quem mais se interessa pela literatura brasileira a não ser eu? encontrei a mulher perfeita para mim, sério). Cheguei perto dela e disse: “já te adianto que você não vai gostar muito do final”, e ela: “poxa, jura? não sei porque ainda me decepciono com esses finais”; “nem eu, risos” complementei. Depois de algum tempinho em silêncio, por fim, eu disse: “Olha Júlia, sei que agi muito mal ontem com aquilo que você me falou e eu sinto muito por isso; é que eu achei bonitinho demais da sua parte se preocupar comigo; afinal, não estou muito acostumado com isso”. “É, percebi que você agiu meio estranho mesmo, mas preferi não comentar nada”, ela complementou.

 

A partir de então, percebi que nós tínhamos muitos gostos e preferências em comum. O lado bom é que ela pareceu corresponder positivamente com minhas segundas intenções. Aquele penúltimo ano de ensino médio foi infinitamente melhor e mais leve com a Júlia do meu lado. Eu nem me importava mais com aquele apelido idiota. Sabe, comecei a relevar muitas coisas da minha vida e a fingir demência pra quase tudo. Só me preocupava agora com aquilo que era realmente importante. Depois de passados dois meses nos conhecendo melhor, começamos a namorar e a partir desse momento não demorou muito para termos a nossa primeira relação sexual (era a primeira de verdade, para ambos). Mas esse assunto aí vai ter que ficar para próxima. Te conto depois, não se preocupe!

 

- Ravi