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         Sou um medico que trabalho em Minas Gerais, nascido e criado aqui, sempre gostei de estudar e com isso segui minha carreira de médico com inspiração de minha mãe. Infelizmente, aos 18 anos, fui convocado ao exército, porém estava cursando medicina, e como meu pai era influente, adiou minha apresentação ao exército, por isso fizemos um acordo e quando eu me formasse serviria como médico de combate. Seis anos se passaram, eu naquele mesmo ano me apresentei e fui integrado as forças do exército, porém fui designado para servir na região da Amazônia, tive diversas experiências, mas uma dela em especial foi um pouco traumatizante, mas com isso aprendi que nosso mundo não é o que pensamos e existem tantas coisas sobrenaturais e assustadoras que não podemos descrever.
        Dessa forma, no mês de julho de 2010 eu e mais alguns militares embarcamos em um avião para uma região onde divide a Amazônia entre Brasil e Peru, nesse local iríamos realizar um treinamento de guerra na selva, iriamos nos deslocar de certo ponto a outro dentro da selva, utilizando os meios encontrados na mesma, depois de uma semana o mesmo avião nos buscaria no outro ponto de encontro.
        Começamos nos deslocar na mata, utilizando algumas trilhas que provavelmente seria de tribos que viviam no local. Devido ao extremo calor e humidade da selva, paramos para descansar e beber água em um rio e nos alimentar, uma equipe ficou responsável pela busca de alimentos, enquanto outra iria construir nosso acampamento e defesas contra animais perigosos. Eu e mais três militares buscamos alimento por mais de uma hora, mas não encontramos nenhum animal, felizmente achamos um açaizeiro. Tentamos derruba-lo utilizando alguns bambus encontrados no local, mas o mesmo não caia, decidi subir na árvore e pegar eu mesmo, e estando no topo da árvore avistei algo que parecia uma construção antiga, logo deduzi que teríamos encontrado uma tribo.
       No caminho escutamos algumas vozes na floresta, mas não compreendi seu idioma, pegamos as frutas rapidamente e corremos para o acampamento. Chegando lá encontramos nosso tenente conversando com uma tribo, que estava armada com arcos e flechas e seu rosto pintado como se quisesse se esconder ou lutar. Depois de algumas horas de diálogo, nosso instrutor disse que os indígenas estariam nos convidando para passar a noite em sua tribo, pois no mesmo dia a selva seria um lugar aterrorizante e perigos, naquela noite os demónios estariam a solta na selva.
       Andamos em torno de uma hora na selva até a aldeia deles, chegando na aldeia o ancião nos recebeu e falou sobre tal evento, onde quando viu a fumaça de nosso acampamento enviou os guerreiros até nós, falando que nessa noite um demónio específico chamado jurupari iria estar livre e caçando na selva e nem nossas armas seriam o suficiente para o mesmo, fui cético e não consegui acreditar em tais contos, todos guerreiros estavam preparados e armados para essa noite. O ancião estava lançando alguns cânticos de proteção, eles colocaram fogo em volta da aldeia, como uma barreira, nesse momento fiquei apreensivo, pois não sabia se isso seria um ritual ou realmente uma batalha.
       Segundos depois escutamos um urro no meio da selva, algo grave e extremamente forte, ficamos pasmos e já não sabíamos mais em que acreditar, segundos depois outro urro, muito mais perto e alto a aldeia, mesmo os índios estavam com medo. Nesse momento, o instrutor nos mandou carregar nossas armas e se preparar para guerra. No meio da mata vimos olhos vermelhos, olhos carmesins, que nos encaravam de forma com extremo ódio, todos sentimos um frio na espinha e nesse momento todas minhas crenças e verdades caíram por terra, pois aqueles olhos certamente não eram de algum animal e muito mesmo de algum humano.
       Nesse momento, esse "ser" começou nos cercar, alguns índios começaram a atacar mais fogo na barreira. Consegui ver esse ser, ele se parecia um macaco, mas era extremamente grande, e em suas costas aviam algo que pareciam ser barbatanas, ele exalava um fedor extremamente forte, algo como carne podre ou enxofre, nesse momento ele saltou pela barreira e caiu ao meio da tribo, os indígenas atiraram as flechas nele, mas pareciam não surtir efeito, tentaram enfiar algumas lanças nele, mas a criatura era extremamente forte, jogando aqueles homens para longe, porém de maneira estranha a criatura ficou em quatro patas, correndo de forma rápida, ele voou em cima de um indígena, cortando sua garganta com uma única mordida, nesse momento entrei em desespero e atirei na criatura, a mesma ficou sobre duas patas e virou a minha direção, eu atirei sem parar e a mesma continuava caminhando em minha direção como se os tiros não surtissem efeitos, os outros militares também começaram atirar, mas ele era muito rápido, ele correu ferido, saltando para fora da barreira, um dos índios conseguiu acerta a fera nesse salto, com um urro alto a criatura caiu, e todos começaram a comemorar a morte da criatura, fomos perto da criatura, a mesma começou mudar de forma, virando um homem adulto, o líder da tribo ateou fogo nela e nesse momento várias sombras saiam daquele homem morto, dando gritos de tortura e tristeza.
       Após todo esse acontecimento, o líder da tribo explicou que um demónio entra no corpo de pessoas que morreram de forma odiosa, buscando vingança na selva, matando qualquer um que entrar em seu caminho, ele também nos explicou que nossos tiros não surtiam efeito, pois a arma do homem não pode matar algo que já está morto, e a criatura apenas morreu, pois a flecha que o acertara passou por um processo de purificação de alma.
     Ao amanhecer, a tribo nos levou até nosso local de embarque, a tribo pediu para não falar nada sobre o acontecido, pois o homem não acredita no que ele não vê. Voltamos para o batalhão todos pasmos não acreditando no que teria acontecido e todos mantemos segredo do que aconteceu naquele dia, sabendo que em qualquer local pode ter algo que não conhecemos. A partir desse dia eu passei a acreditar em tudo, não duvidando de crenças ou lendas, sabendo que o bicho papão pode ser real, e ele pode estar na minha casa a qualquer momento.

 

Kledula