Alquimistas da Alma (Ethel / Habblive)
06 de agosto de 2025
No fúnebre silêncio de um mundo anestesiado, parece impossível reestabelecer a itensidade que um dia habitou o âmago daqueles que experimentam do vasto amor. As lágrimas não caem, o peito já não aperta mais. Resta-se apenas o profundo vazio, vagando desgovernado pelo horizonte. As pílulas rosadas não se tornaram apenas uma engenhosa solução para o problema: elas roubaram mais do que o sofrimento. Levaram consigo a profundidade das emoções e a saudade que costumavam carregar consigo.
Entretanto, um pequeno grupo resistiu...
Foram apelidados de "Alquimistas da Alma", pessoas que se recusavam a tomar os comprimidos, mesmo com o coração em pedaços. Sabiam que a dor não era inimiga, e sim instrutora. Entendiam que sentir é um privilégio, ainda que o sentimento nem sempre seja tão doce assim. Junto à resistência, nasce a resposta para revigorar a intensidade dos sentimentos.
— Retirar o sofrimento de um único ser é como apagar as sombras de um quadro. A luz perderá seu contraste exepcional. Deixe que a tristeza venha como uma maré, não para te afogar, mas para te moldar. Abrace o luto das perdas, sinta o gosto amargo das despedidas. Só quem conhece a dor profunda reconhece o valor do verdadeiro amor. — Eles diziam.
Por fim, os Alquimistas descobriram que a única cura verdadeira para um coração partido é a coragem de senti-lo inteiro, mesmo que em pedaços. A intensidade lhe permitirá colar cada fragmento.
E o laboratório das pílulas rosadas? Nunca parou de trabalhar.
Agora, não mais para ocultar o sofrimento. Seu objetivo tornou-se lembrar ao mundo o verdadeiro significado do que é sentir estar vivo.