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Auriel

Numa noite de lua minguante, o velho ursinho de asas puídas despertou do silêncio em sua caixa esquecida. Com um leve farfalhar, alçou voo pelas frestas do sótão, cruzando telhados e memórias empoeiradas. Seu destino era o coração daqueles que haviam perdido algo precioso: a menina Elisa, que chorava por um boneco extraviado, foi a primeira. Ele pousou ao seu lado sem ser notado e, com um toque suave, deixou-lhe um sonho: um encontro mágico entre ela e o brinquedo perdido. Ao acordar, a saudade havia se transformado em paz — como se, de algum modo, o vazio tivesse sido costurado com ternura.

No silêncio da noite, o ursinho seguia sua missão invisível. Passava por casas, visitava janelas entreabertas e tocava levemente os que dormiam carregando saudades da infância. Dizem que ele não falava, mas ouvia tudo — os sussurros dos adultos que esqueceram seus antigos sonhos e os pensamentos silenciosos dos idosos que ainda guardavam lembranças doces da juventude. Alguns juram vê-lo no céu, flutuando como uma estrela que se recusa a cair. Outros acreditam que ele habita o quarto de quem ainda sabe sonhar. Mas a verdade é que, enquanto existir alguém com o coração aberto ao encanto, o ursinho seguirá voando — em busca de memórias a serem despertas e sentimentos a serem remendados.