Por um tempo, parecia que tinham descoberto a cura milagrosa pra tudo que doía no peito. Uns comprimidos rosados que prometiam apagar qualquer resquício de sofrimento, tristeza ou aquela saudade que dói lá no fundo. Tomava um, pronto: fim das lágrimas no travesseiro, dos áudios longos pros amigos e das playlists deprês no repeat. Mas aí… ficou tudo meio cinza. Sem dor, também não tinha aprendizado. Sem saudade, nem lembrança boa. As pessoas pararam de escrever cartas, de escutar músicas com atenção, de chorar vendo filme bobo. Era como se o coração estivesse sempre em “modo avião”. Foi aí que bateu o estalo: viver sem dor é viver no raso. A intensidade vem do que a gente sente o bom e o ruim.
Ollaff - Habblive Hotel.
