A ilusão de um primeiro amor que se consolida em um relacionamento sério, na cabeça de um adolescente, espera-se uma cena digna de filmes: risadas em um dia ensolarado, cinema de mãos dadas durante a semana, abraços calorosos, beijos sob a chuva... E, de fato, eu tive tudo isso. Até que não tive mais nada.
Aos poucos as risadas em um dia ensolarado se tornaram apenas o tédio em dias com calor infernal. O cinema passou a ser um programa para de vez em nunca. Os abraços calorosos, agora só eram abraços na hora da despedida. E os dias de chuva? Viraram uma desculpa para não nos vermos.
Um adolescente vivendo um primeiro amor, não sabe muito bem onde está pisando - ainda mais se tratando de uma criaça que cresceu sem referencial gay e que recém estava se inserindo na comunidade. Vários questionamentos surgiam na minha cabeça, principalmente os que me faziam duvidar de mim mesmo e achar que o problema estava comigo, ou, pior, que o problema era eu. Por um tempo passei a aceitar desculpas e migalhas de um relacionamento, achava melhor ter isso do que não ter mais nada.
O que ele não sabia é que, na ausência, era ele quem me perdia. Pouco a pouco, ele foi me perdendo - e eu fui me encontrando. Me entendendo, me respeitando e me ganhando. Me ganhei tanto, que um dia estufei meu peito e coloquei um ponto final: ''Eu ainda te amo, mas agora eu me amo mais.'' E agora sim, eu tinha tudo o que precisava.
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