O viajante regressou quando o crepúsculo tingia o céu de cinza.
As minas chamavam seu nome, como feridas que nunca cicatrizaram.
No ar, o cheiro de ferro e pecado. Cada passo o levava mais fundo, onde o mundo parecia segurar a respiração.
Entre pilares quebrados e brasas que se recusavam a morrer, ele estava lá — o senhor do ciclo, a sombra do fogo.
Diablo o aguardava, imóvel, como se o tempo o tivesse moldado em pedra.
O olhar do viajante encontrou o vazio sob o capuz, e nele se viu refletido: um homem cansado de viver entre ruínas.
Sem palavras, ergueu sua lâmina.
O demônio respondeu com silêncio.
E quando o aço tocou o fogo, o mundo tremeu.
Chamas e ecos dançaram, e o tempo, outra vez, se partiu.
Mas desta vez, algo mudou. O fogo rugiu, não de triunfo — mas de dor.
O viajante, consumido pela própria chama, se lançou sobre Diablo, e ambos se tornaram uma só labareda.
Quando a aurora chegou, as minas estavam frias.
Nenhum som, nenhuma sombra. Apenas o vento, levando consigo o último suspiro de um nome esquecido.
A vila acordou em silêncio.
Pela primeira vez em séculos, não havia fumaça no horizonte.
E o povo entendeu — o fogo havia cessado...
Mas o preço do descanso foi a alma daquele que nunca voltou.