Já faz um tempo que não nos falamos, e hoje estou aqui enviando essa carta para você com o intuito de dizer que você está perdoada.

Devo dizer que é doloroso te ver em todas as visitas que você vem fazer aqui em casa, sem nem me dirigir um cumprimento, e até desviar o olhar para não me enxergar nos seus olhos.

Ainda mais doloroso em saber que você é a minha mãe, mas nunca me aceitou como filho.

E olha até onde cheguei! 

Seu filho, a quem você gerou por 9 meses e logo após o nascimento você virou as costas para uma criança que cujo conhecimento era chorar quando queria ser amamentado pela mãe materna.

Enfim, você me negou. Mas seus pais me aceitaram, e cuidaram de mim como filho.

Não escrevi essa carta para te culpar ou jogar na cara, apenas para te dizer que apesar de todos os meus pesadelos e traumas, depois de 22 anos eu estou pronto para te perdoar, mas nunca pra te chamar de mãe.

Pode visitar eu e o vô quando quiser. A Vovó já não está mais com a gente, mas brilha lá de cima.

Te desejo tudo de bom, inclusive um amor incondicional de filho. Para quem sabe a outra criança que você gerou resolva te amar.

Gabriel.